sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

155) Tangenciando o propinoduto antes do tempo?


Transcrevo, do livro do ex-presidente interino do PT, ex-ministro da Educação, ex-candidato derrotado ao governo do estado do Rio Grande do Sul, ex-prefeito de Porto Alegre e atual candidato a uma vaga no STF, advogado Tarso Genro, Esquerda em Processo (Petrópolis, RJ: Vozes, 2004), o seguinte trecho, aparentemente (e involuntariamente) profético:

"O que ocorreu de negativo no Partido Socialista Espanhol, com vários dos seus quadros indo parar nas prisões por motivos que conhecemos [corrupção], deve servir de referência negativa para nós [do PT e do governo]. Assim como deve servir de referência positiva - do ponto de vista ético-moral - a passagem praticamente "limpa" [por que as aspas?] do ex-Partido Comunista Italiano na 'tangentópoli' [corrupção e caixa 2 dos politicos italianos nos anos 1990] ocorrida naquele país. Assim foi denominado o processo de investigação, denúncia e condenação judicial, de boa parte da elite política italiana, envolvida com obtenção de fundos para o financiamento ilegal das suas atividades eleitorais e partidárias e, igualmente, para proveito pessoal".
(do capítulo 10: "Glossário para uma 'esquerda democrática' (no governo e fora dele)", p. 105 do referido livro)

Como se diz, ninguém é profeta em seu próprio país, mas, neste caso, o autor não apenas tangenciou o problema, como antecipou o que poderia vir a ocorrer. A julgar pelo que se conhece do tsunami político de 2005, não se tratou de uma mera tangentópoli, mas de um propinoduto completo e acabado.
Qualquer semelhança com fatos, personagens ou ocorrências observadas em outras latitudes e longitudes não não deve ser mera coincidência...

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