Um blog dedicado aos livros, às relações internacionais e aos problemas do desenvolvimento econômico e social, com ênfase nas questões da inserção internacional do Brasil. Ver outros trabalhos meus no site pessoal: www.pralmeida.org.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2005
86) Planos Economicos no Brasil (IV)
B. Planos de estabilização macroeconômica (1986-1995)
1. Plano Cruzado
(Governo Sarney, 1985-1990, implementado em fevereiro de 1986):
- heterodoxia econômica e tratamento de choque: congelamento de preços, salários, tarifas e câmbio, com troca de moeda (com corte de três zeros do antigo cruzeiro) e tabelamento da indexação;
2. Plano Cruzado II
(Governo Sarney, novembro de 1986):
- aumento de tarifas, reajuste de preços, reindexação da economia e criação de um gatilho salarial; aumento da carga fiscal.
3. Plano Bresser
(Governo Sarney, junho de 1987):
- novo choque cambial e tarifário, com congelamento de preços, salários e aluguéis e estabelecimento de novo indexador, abandonado depois; câmbio continuou no regime de minidesvalorizações; fracasso do plano devido à incapacidade do governo de aprovar um ajuste fiscal.
4. Plano Verão
(Governo Sarney, janeiro de 1989):
- congelamento de salários e tarifas, nova reforma monetária (cortou três zeros do cruzado); desvalorização e congelamento do câmbio.
5. Plano “Brasil Novo” ou Plano Collor
(Governo Fernando Collor de Mello, 1990-1992, em março de 1990):
- o choque mais brutal já conhecido na história econômica do Brasil: nova reforma monetária (com reintrodução do cruzeiro), confisco de todas as aplicações financeiras e limite aos saques das contas à vista; liberalização cambial, com flutuação temporária do dólar.
6. Plano Collor II
(Governo Collor, fevereiro de 1991):
- redução dos controles financeiros, liberalização parcial de preços e tarifas, com novo plano de tabelamento (tentativa de desindexação), nova fixação do câmbio, seguida de novo surto inflacionário, mas sem substituição ou correção da moeda.
7. Fundo Social de Emergência (primeira e segunda fases do Plano Real)
(Itamar Franco 1992-1994; ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, a partir de dezembro de 1993):
- Atuação sobre as causas da inflação: o déficit público; desvinculação orçamentária e criação do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF); criação de uma nova unidade de conta, de fato uma moeda indexada, a URV, ou cruzeiro real, em abril de 1994, na segunda fase do Plano Real, uniformizando os ajustes de preços relativos.
8. Plano Real
(Governo Itamar Franco, ministro da Fazenda Rubens Ricupero, em julho 1994):
- completa reforma monetária, com substituição do meio circulante pelo real; fim da indexação, sem congelamento de preços, câmbio administrado com liberalização progressiva dos fluxos de capitais (âncora monetária e ancora cambial); intenso processo de reformas no âmbito do Estado (reformas administrativa, da previdência social etc.) e no ambiente regulatório de vários setores da economia, infra-estrutura e comunicações, em especial. Rigidez das políticas monetária (aumento de juros) e cambial (valorização relativa da moeda) conduzem ao aumento da dívida pública e deterioração das contas externas. Crise cambial e fuga de capitais determinam o abandono da âncora cambial em janeiro de 1999 e a introdução do regime de flutuação cambial (com desvalorização da moeda) e da política de metas de inflação. Forte ajuste fiscal, continuado desde 1999 (com superávit primário passando de 3,75% a 4,25% do PIB).
(Continua no último post desta série...)
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