quarta-feira, 18 de janeiro de 2006
171) Chile: o que resta fazer...
Não vou acrescentar comentários extensos ao muito que já foi dito na imprensa sobre a vitória da socialista Michelle Bachelet para a presidência do Chile nos próximos quatro anos. Essa vitória não tem nada a ver com uma suposta "onda esquerdista" na América Latina, mas segue a tendência seguida pelo Chile desde a redemocratização nos anos 1990, na qual uma "concertação" entre democratas cristãos e socialistas moderados conduz o processo de normalização política dando continuidade ao essencial dos elementos de política econômica colocados em vigor no regime anterior, um pouco, aliás, como fez Tony Blair, na Grã-Bretanha, com a herança tatcheriana, ou seja, muito liberalismo econômico e extrema responsabilidade fiscal.
Esse caminho vai ser perseguido e continuado, no Chile, com o acréscimo de novas medidas para equacionar, ou pelo menos encaminhar, aqueles que parecem ser os problemas cruciais da sociedade chilena nesta fase:
1) Aprofundamento dos investimentos em educação, como forma de diminuir os índices ainda elevados de desigualdade distributiva
2) Reforma do sistema previdenciário, cujo regime de capitalização ainda não foi testado na prática mas que já antecipa alguns problemas graves de cobertura para indivíduos que não tiveram capacidade contributiva em bases correntes. Trata-se de uma questão de solidariedade inter-geracional que já começa a ser equacionado pelo governo chileno, neste caso bem mais responsável do que outros governos, que estão esperando o regime de repartição se deteriorar ainda mais, criando uma bomba-relógio para os atuais e futuros pensionistas do sistema.
Feliz é o país que pode se preocupar com o futuro dos seus filhos, pela educação ou pelo sistema de previdência, sem ter de se ocupar de questões tão urgentes e imediatas como tapar buracos, por exemplo...
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