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domingo, 25 de dezembro de 2005

76) Resoluçoes de Ano Novo (VI, final)


Uma nova “caixa de surpresas” para o ano que se inicia

Paulo Roberto de Almeida

(continuação do post 75 e final)

6. Prometo terminar de ler aquele livro que comecei dez anos atrás e que os amigos de biriba vivem cobrando, de um aliado da nossa causa, o tal “livro fundamental” do Celso Furtado...

Não passa deste ano: já estou com o livro começado há mais de uma década, e ainda não consegui passar das primeiras vinte páginas. Depois que o homem morreu, e prestamos todas aquelas homenagens em função não apenas da sua naturalidade nordestina mas também pelo fato de ele ter sido um apoiador da primeira hora das nossas posições, todo mundo vive me perguntando se eu já terminei de ler o livro dele, sim, o tal de “Formação Econômica do Brasil”. Cá entre nós: eu desconfio que se o livro foi escrito há mais de quarenta anos, quando o Brasil ainda era um país “essencialmente agrícola”, como então se dizia, ele já não deve mais estar adaptado aos tempos que correm. Depois, ele vem numa linguagem empolada, que lembra esses conselheiros econômicos que de vez em quando aparecem lá em casa, enrolando de forma inútil o que me parece tão claro: o Brasil não tem mais nenhum problema de desenvolvimento industrial ou tecnológico, apenas um problema de desenvolvimento social, um problema de distribuição.

Mas, eu também desconfio que o “velho” Celso Furtado, com todo o respeito pela sua memória, tinha ficado parado no tempo. Ele vem de uma época na qual, ele mesmo dizia isso, a inflação era “funcional” para a industrialização do Brasil, pois permitia tirar dinheiro dos que não poupavam e colocá-lo nas mãos dos que estavam dispostos a investir e fazer o Brasil crescer. Isso podia ser válido naqueles tempos, e ainda assim eu desconfio que não devia ser nada bom para o trabalhador, que estava sempre correndo atrás do seu salário, enquanto a burguesia se refestelava com a poupança alheia (forçada, claro). Inflação nunca foi boa para ninguém, só para os que, justamente, se aproveitam do dinheiro alheio.

Por isso mesmo, eu nunca compreendi como o Celso Furtado, pouco tempo antes de falecer – que Deus guarde sua alma --, ainda pregava (e um monte de gente com ele, sobretudo esses economistas da Unicamp) que um “pouquinho” de inflação não podia fazer mal, que isso era a condição necessária do crescimento e da criação de empregos. Pode até ser, mas desconfio que isso não é bom para o trabalhador, pois é ele que vai ter de aguentar ver seu salário diminuído mês a mês, enquanto esse pessoal da Unicamp protege os seus rendimentos nas contas aplicadas em títulos do governo.

No que depender de mim, não tem nem “pouquinho”, nem mais inflação, já que essa coisa é que nem barriga de mulher: não tem meia gravidez, e uma vez que a inflação começa, fica difícil parar depois. Sendo assim, nem sei, na verdade, se vou mesmo terminar esse livro, que além de tudo vem numa linguagem enrolada, um economês dos mais obscuros, que parece ser “keynesianismo” como eles chamam. Ele até pode ter sido do Nordeste, mas também passou um bocado de tempo fora do país e deve ter voltado com algumas idéias importadas que depois resolveu aplicar aqui. Os brasileiros estão servindo de cobaias para algum experimento maluco. E, depois de tudo, acho melhor deixar os economistas mortos em paz, do contrário eles vão querer continuar governando nossas vidas...

Para mim, chega de promessas, fico por aqui, pois já tenho coisa demais para pensar e fazer neste novo ano que se inicia. A única promessa a mais que faço é que no final do ano eu venho conferir para ver se a “coisa” andou...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, Natal de 2005.

(Fim da série)

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