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segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

08) O mundo é plano (com algumas crestas...)


A revista Veja desta semana (data de capa 14 de dezembro de 2005), traz uma entrevista com o jornalista americano Thomas Friedman (disponível no link: http://veja.abril.uol.com.br/141205/entrevista.html, mas acho que com acesso limitado aos assinantes).
Em minha opinião, não há nada, literalmente nada, na entrevista do Tom Friedman que seja contrário aos interesses brasileiros, que estão obviamente dirigidos a uma inserção soberana na globalização. Isso se faz, conforme tenho repetido em várias oportunidades, mediante quatro conjuntos de políticas que se combinam e se reforçam:
1) uma macroeconomia estável (que estabeleça regras previsíveis criando um bom ambiente de negócios);
2) uma microeconomia competitiva (ou seja, mercados abertos, que impeçam cartéis e monopólios e outras práticas nocivas aos consumidores);
3) uma alta qualidade dos recursos humanos (pois o diferencial de desenvolvimento entre os países não se explica por qualquer fenômeno de “exploração imperialista” e sim pela produtividade do trabalho humano) e
4) um sistema aberto aos investimentos, ao comércio internacional e à inovação.

Discordo de muitos observadores do cenário político nacional no sentido de que se deva começar por um "projeto nacional" para o país se inserir na globalização, o que implica sempre a existência de algum grande acordo nacional que nunca, repito NUNCA, vai existir. Existem políticas propostas por grupos e movimentos que vendem suas idéias nas campanhas eleitorais e que ganham, circunstancialmente, condições de legitimidade política para implementar essas idéias.
Nosso problema atual, nacional, não é simplesmente de "política econômica", ele é maior, mais vasto e mais complicado. Trata-se da necessidade de instituições voltadas (ou não) para o crescimento. Infelizmente, nós conseguimos construir, ao longo das últimas décadas, um sistema (constitucional e infraconstitucional) que age como um obstáculo absoluto a um processo de desenvolvimento sustentável, a começar por esse mostrengo a que se dá o nome de Estado. Ele é, hoje, o principal obstáculo a um processo de crescimento maior, e quem não vê isso está literalmente cego.
Por isso, volto a afirmar que não adianta mudar apenas a política econômica, pois o problema é bem maior.
Nas condições que temos hoje, o BRASIL É UM PAIS TOTALMENTE PREPARADO PARA NÃO CRESCER, e será assim até que consigamos mudar as instituições que obstaculizam esse crescimento, começando pelo próprio Estado.
Se alguém desejar ler a entrevista do Tom Friedman, posso remeter bilateralmente.

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