domingo, 25 de dezembro de 2005
73) Resoluçoes de Ano Novo (III)
Uma nova “caixa de surpresas” para o ano que se inicia
Paulo Roberto de Almeida
(Continuação do post 72)
2. Prometo, em conseqüência, empreender as obras necessárias à boa manutenção da casa, reparar o que tiver sido quebrado ou destruído (telhado, piso, jardim, cômodos) pela ação do tempo ou dos (maus) elementos. Prometo, também, somente gastar com as despesas correntes aquilo que estiver estritamente dentro do meu orçamento mensal, sem entrar no cheque especial, para não ter de pagar juros exorbitantes para esses verdadeiros gigolôs da poupança alheia, que são os banqueiros (nacionais e estrangeiros).
O ano que se passou foi pleno de surpresas inesperadas – o que, aliás, é uma tautologia –, com um irritante crescimento vegetativo desses gastos correntes, que apenas mantêm o nível do consumo, sem acrescentar nada ao patrimônio familiar e sem qualquer espaço para a manutenção do bom estado dos equipamentos ou imóveis sob a minha guarda. Surgiram, em conseqüência, goteiras insidiosas, buracos na calçada e erosão quase completa no jardim, sem falar na pintura descascada, nas janelas quebradas e portas emperradas. As crianças, sobretudo, reclamaram da falta de sapatos da moda, de uniforme novo, da necessidade de uma mochila maior. Em alguns meses tive de entrar no cheque especial, passando a pagar uma exorbitância ao meu banqueiro ganancioso. Faltou-me, na ocasião, a pachorra de levantar meu traseiro do sofá da sala, deixar o programa de TV e perambular pelos botequins financeiros (é isto que parecem nossos bancos) para ver onde e como seria possível obter juros mais baratos. Desconfio que tal coisa não exista, e que todo o sistema funciona como um grande cartel, no qual os banqueiros sempre levam a melhor sobre os indefesos consumidores e correntistas que somos todos nós.
O que faltou, na verdade, foi um pouco de planejamento orçamentário, um pouco de coragem para segurar a mulher e os filhos que sempre querem gastar mais do que o permitido pelo meu salário claramente insuficiente. Eles querem viajar além da conta, ir ao cinema todos os fins de semana e ao restaurante sempre quando lhes apetecem, sem procurar saber se os meus recursos permitem esse tipo de exorbitância. Minha promessa para o novo ano, portanto, é a de controlar o pessoal lá de casa nas despesas do dia a dia, de maneira a me permitir manter o estado geral da residência e dos nossos bens duráveis (alguns já em precário estado de conservação).
O pessoal lá do bar chama esse tipo de ajuste fiscal de concessão neoliberal, de regra do consenso de Washington, de submissão ao pensamento único ou de coisa pior ainda. Mas estou convencido de que se eu não fizer agora esse tipo de controle, a situação pode se deteriorar ainda mais, colocando em risco nosso futuro imediato ou a própria casa que construí com tanto esforço ao longo dos anos. Acho que não tenho o direito de deixar para os meus filhos e netos uma situação desse tipo, que iria obrigá-los a um sacrifício indevido por conta de nossa atual imprevidência. Por isso, só posso dizer: a hora de apertar os cintos é agora, e só vou gastar o que for render frutos mais adiante. O resto é conversa de botequim...
(continua...)
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