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quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

119) Idéias são perigosas?: a questão anual do The Edge


The Edge é um site de questões científicas, que vale a pena visitar ocasionalmente. Sua contribuição mais relevante para agitar os meios cientificos é a de colocar, todo final de ano, uma questão relevante para a comunidade científica e recolher as opiniões recebidas.
No ano passado, 2005, a questão foi:
"What do you believe is true even though you cannot prove it?"
Isso gerou uma enorme controvérsia, que acaba de ser convertida em livro: What We Believe But Cannot Prove: Today's Leading Thinkers on Science in the Age of Certainty.

Pois bem, neste começo de 2006, o site voltou a atacar, desta vez com esta questão:
existem idéias perigosas, qual é a sua?

The Edge Annual Question — 2006
WHAT IS YOUR DANGEROUS IDEA?
The history of science is replete with discoveries that were considered socially, morally, or emotionally dangerous in their time; the Copernican and Darwinian revolutions are the most obvious. What is your dangerous idea? An idea you think about (not necessarily one you originated) that is dangerous not because it is assumed to be false, but because it might be true?

Confira alguma das respostas em:
http://www.edge.org/q2006/q06_index.html

O colunista Pedro Doria, do jornal eletrônico NO Mínimo (Notícia e Opinião), de onde eu retirei a idéia deste post, selecionou o que lhe pareceu a melhor resposta:

"Daniel Gilbert, psicólogo e professor de Harvard, um dos quatro mais importantes na área de psicologia social da atualidade segundo a revista Psychological Inquiry, respondeu melhor:

Perigoso quer dizer que é possível de causar grandes danos. A idéia mais perigosa é a única idéia perigosa: a de que idéias podem ser perigosas.

Vivemos num mundo em que pessoas são decapitadas, presas, demitidas e censuradas simplesmente porque abriram suas bocas, mexeram os lábios, vibraram algum ar. Sim, estas vibrações podem fazer com que nos sintamos tristes ou burros ou alienados. Dane-se. Este é o preço de entrada no mercado das idéias. Comentários odiosos, blasfemos, preconceituosos, vulgares, rudes ou ignorantes são a música de uma sociedade livre. É o constante discurso de idiotas que mostra que estamos numa sociedade livre. Quando todas as palavras em nossas conversas públicas são justas, boas e verdadeiras, é hora de fugir."

Pode até ser, mas uma grave questão de ordem moral, que sempre se coloca a todos nós, e que eu particularmente coloco a todos os que me lêem, é a seguinte:

Expressões de ódio racial, justificativas políticas de cerceamento à liberdade, censura, minimização da corrupção, moral ou efetiva, incitações ao crime e ao linchamento, ainda que no plano puramente verbal, manifestações diretas de intolerância religiosa ou a defesa explícita do terrorismo, como arma política ou religiosa, entre vários outros exemplos de possíveis atentados aos direitos humanos, à democracia e à segurança individual ou coletiva, todas essas demonstrações do que pode haver de mais vil ou mesquinho no ser humano podem ou deveriam ser permitidas livremente, na vida civil ou nos meios abertos como a Internet?

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